Apresentação

A Incubadora de Iniciativas da Economia Popular e Solidária da UEFS (IEPS-UEFS) vem desenvolvendo suas atividades, como programa de extensão e projeto de pesquisa desde 2008. Simultaneamente, docentes, técnicos e discentes dividem seus saberes no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Economia Popular e Solidária e Desenvolvimento Local (GEPOSDEL).
Durante este período, o conhecimento produzido e as experiências compartilhadas, tanto com a comunidade quanto com o mundo acadêmico, têm se acumulado, sendo a intenção do II CIEPS – Congresso Internacional de Economia Popular e Solidária e Desenvolvimento Local: como trabalhar e produzir na contramão do empreendedorismo? compartilhá-los, a partir dos principais eixos temáticos desenvolvidos pela IEPS-UEFS.

O I CIEPS: diálogos Brasil-Cuba, realizado em 2016 na UEFS, pretendeu, especialmente, dentro deste enfoque, consolidar e divulgar os diálogos que vem sendo mantidos com pesquisadores cubanos da Universidade de Granma, a partir do V Congreso Cubano de Desarrollo Local e V Taller Internacional de Desarrollo Local, realizado em março de 2015, em Bayamo, Cuba. Foi, assim, oportunidade para divulgar, fortalecer e planejar as atividades de pesquisa, extensão e ensino que frutificam a partir de convênio de colaboração acadêmica firmado entre a UEFS e a Universidade de Granma. Este objetivo permanece vivo, prevendo-se a presença, no II CIEPS, de pesquisador do Centro de Estudios de Dirección y Desarrollo Local (CEDDEL) da Universidade de Granma.
O I CIEPS conseguiu reunir trabalhadores e trabalhadoras, extensionistas, pesquisadores, professores, professoras e estudantes de várias localidades da Bahia, do Brasil e da América Latina. Foram ao todo aprovados para apresentação 84 comunicações orais, 32 pôsteres e 28 relatos de experiência, provenientes de diferentes regiões da Bahia, diversos Estados brasileiros e de outros países da América Latina (Cuba, Chile, Equador e México).

Uma característica do Evento é o esforço para permitir e fomentar o diálogo entre o saber científico e popular. Neste sentido, nos três grupos de trabalho que constituem o eixo do evento são apresentados, em pé de igualdade, tanto relatos de experiências trazidos por grupos de trabalhadores e trabalhadoras ou por entidades de fomento e apoio às iniciativas da economia popular e solidária, quanto resultados de pesquisa ou extensão produzidos dentro dos padrões acadêmicos.

No II CIEPS, como seu subtítulo indicia, tem-se como foco um questionamento que se mostra central nos destinos das práticas da Economia Popular e Solidária. “Empreendedorismo” é a palavra de ordem do que Pierre Dardot e Christian Laval  chamam de a “nova razão do mundo”: uma racionalidade que se associa ao cenário neoliberal contemporâneo, tendo como característica principal “a generalização da concorrência como norma de conduta e da empresa como modelo de subjetivação”(1). O sujeito “empresa de si” é produto, assim, de um quadro onde o capital avança sem escrúpulos, destruindo, em nome do lucro, postos de trabalho, relações humanas e a natureza. Até que ponto as práticas que tomam a Economia Popular e Solidária como adjetivo são críticas a esta racionalidade? Que lutas e que caminhos são necessários para construir uma nova racionalidade, cuja profundidade vai muito além da criação de postos de trabalho e renda? Como estar atentos para as armadilhas da racionalidade neoliberal?

Essas e outras questões permearão os grupos de trabalho e os espaços de fala propostos, no bojo da programação da XI Feira do Semiárido pela equipe da IEPS-UEFS.

(1)DARDOT, Pierre. LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 17.

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